Luto

'Cruel e selvagem', afirma irmão de atriz morta no Rio

Dois jovens, sendo um menor de idade, foram presos

Familiares e amigos se despediram da atriz Eliane Lorett
Familiares e amigos se despediram da atriz Eliane Lorett |  Foto: Lucas Alvarenga

Familiares e amigos de Eliane Lorett de Campos, de 58 anos, estiveram presente no sepultamento para um último adeus nesta sexta-feira (7), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.

A mulher, que era atriz e professora, morreu após ser baleada em uma tentativa de assalto em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio, na noite desta quarta-feira (5). Dois jovens, sendo um menor de idade, foram presos.

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Renato Lorett, irmão de Eliane, relembrou que a mulher sempre foi um ser humano de superação e que passou por momentos complicados na vida, mas de cabeça erguida. Ele também acrescentou que, próximo a se aposentar, Eliane decidiu abraçar o seu grande sonho de ser atriz. Ela cuidava da mãe, de 93 anos.

"Ela me ensinou quase tudo de valor. Tinha sempre esse dom, todas as pessoas que passaram pela vida dela se transformaram em algo melhor. Ela acabava tendo um papel de formadora social, daquela amiga e daquele amigo. Ela teve uma jornada sempre de professora, mas, próximo à aposentadoria, ela abraçou aquilo que era o dom natural dela, que era ser atriz", afirmou. 

Sobre sentimentos de raiva, o irmão da vítima afirma que fica sim uma indignação pela forma brutal como a vida da vítima foi tirada, mas que o amor e fraternidade se sobressaem.

"Nós estamos vivendo em uma sociedade que a tragédia acaba não sendo só nossa. A dor dessa ausência nunca será apagada. Apesar do nosso humano trazer indignação, porque é um parente nosso sofrer uma agressão tão cruel e selvagem, como ela sofreu, é complicado. Mas o amor que ela deixou vai viver nos nossos corações. Isso nos redime de qualquer ódio. Há uma banalização, uma desumanização da vida, não sei se movida pela questão da precariedade social ou financeira", disse Lorett.

Multidão se reuniu para dar o último adeus à atriz
Multidão se reuniu para dar o último adeus à atriz |  Foto: Lucas Alvarenga
  

Quando questionado sobre uma palavra que define bem a irmã, ele foi rápido em dizer: superação. 

"Ela sempre dizia para mim que a gente devia ter coragem, independente do que acontecesse na vida, de seguir em frente. Essa pessoa extraordinária que teve a vida abreviada muito cedo. Por mais que ela tivesse perdas emocionais, ela sempre transformou a vida dos que estavam ao redor. Ela foi uma vencedora. Se a gente olhar a vida dessas pessoas que participaram desse crime, o que será da vida dessas pessoas? Se eles puderem ao menos seguir em frente, acho que é a melhor coisa que possa acontecer", concluiu.

O professor Ormandino Rodrigues, que faz parte do Instituto Ideal Brasil, projeto voltado para jovens no atletismo, também esteve presente. Muito abalado, ele comentou que a atriz ajudava todos no projeto.  

"Ela nos ajudava nesse projeto. Quando se mata uma professora é contra um ser superior e uma nação. Porque uma nação que não preserva a coisa mais importante, que é sua parte cultural e seu ensino, você mata a nação",  disse Ormandino.

Para os jovens presos, o professor também deixou um recado. 

"Que vocês estudem, que procurem ser alguém na vida como eu fui, eu sou oriundo de uma favela, tive muita dificuldade na vida, mas estudei e me formei. Eu coloco tudo isso em prol dessas crianças (no projeto). São menos 10 mil crianças que não vão botar uma arma na cabeça de uma professora", afirmou.

Prisão

A Polícia Civil localizou e apreendeu dois suspeitos do crime contra a atriz. Um deles menor de idade, de 15 anos, e o outro de 21, foram detidos por policiais da 24ª DP (Piedade) e por agentes da Subsecretaria de Inteligência, que tentavam um mandado de busca e apreensão com a Justiça. Ele confessou ter atirado contra Eliane. 

De acordo com os agentes, o suspeito atirou duas vezes contra a mulher, usando um revólver calibre 38. Os dois foram levados para a Delegacia de Homicídios, onde as investigações estão em andamento. 

Em depoimento, o suspeito de 15 anos afirma ter conseguido a arma com um traficante de Honório Gurgel, Zona Norte do Rio. 

A vítima estava retornando de um ensaio de uma peça, acompanhada de uma amiga também atriz, quando a fatalidade aconteceu. A mulher que seguia no banco do passageiro, foi atingida por estilhaços de vidro.

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